Histórico do nome de família


   DI TIZIO  


Origens Geográficas

Di Tizio é um sobrenome pouco freqüente e típico de restritas áreas da Itália central. Sua incidência mais expressiva e quase exclusiva se verifica na Região do Abruzzo. [Ocorre também, embora com índices de freqüência bem mais modestos, nas Regiões limítrofes do Lacio e das Marcas [Marche].


Sua presença é registrada ainda, com freqüência ocasional e esparsa, para não dizer irrelevante, nas Regiões da Apúlia, da Toscana, da Emilia-Romanha, do Piemonte, da Lombardia e do Vêneto. Sua presença nestas áreas pode representar uma resultante de migrações de membros desses troncos familiares do território abruzzese que abandonaram suas terras de origem por variadas razões. Ante esta colocação genérica sobre sua distribuição areal ou geográfica, pode-se afirmar que Di Tizio é um sobrenome típico da Itália central meridional e mais especificamente abruzzese.

 

Um levantamento efetuado nas listas telefônicas de 1996/1997 de todas as Regiões e Províncias italianas apresentou um resultado condizente com quanto foi afirmado no parágrafo anterior. De fato, o sobrenome se distribui dentro do território italiano, embora atinja de modo mais expressivo algumas áreas especificas.

 

Como foi afirmado acima, o sobrenome apresenta seus maiores índices de freqüência na Região do Abruzzo, onde se concentra nas Províncias de Chieti e de Pescara; com índices bem inferiores, é constatado também nas outras duas Províncias, L'Aquila e Tèramo. Nas Regiões confinantes, destaca-se a do Lácio, onde apresenta índices de freqüência razoáveis, mormente na cidade de Roma e arredores. Nas demais Regiões do centro-norte, como já foi frisado acima, o sobrenome ocorre de modo ocasional e esparso e, em algumas até extremamente raro; dentre estas, destaca-se a Região da Lombardia, vindo a seguir a Toscana, a Emilia-Romanha, o Piemonte e o Vêneto. Nas outras Regiões do centro-norte o nome de família Di Tizio é de todo inexistente, o mesmo ocorrendo com todas as do sul, excetuando-se um único registro na Região da Apúlia e outro na da Campânia.

 

Esta distribuição do sobrenome no território italiano parece comprovar que Di Tizio é originário da área do Abruzzo, tendo-se difundido, paulatinamente, para a limítrofe do Lácio e seguindo, mais recentemente, para o norte. Este fluxo direcionado geograficamente para o norte deixa entrever um movimento migratório de membros deste tronco familiar para áreas mais industrializadas, impelidos por oportunidades de trabalho.

A difusão deste sobrenome no território italiano é indicio de que houve vários troncos familiares Di Tizio, surgidos no período medieval, ao mesmo tempo e em diferentes pontos geográficos da Itália.

 

Este fato é claro indicativo que os portadores deste sobrenome não são todos parentes entre si. Existe somente um grau de parentesco, obviamente, dentro do mesmo clã Di Tizio, entre os descendentes de um ancestral medieval comum e que era cognominado De Tizio, Di Tizio. Não é fácil determinar quantos eram esses troncos familiares originais. Concorda-se que houve mais de um.

 

A dificuldade em estabelecer com precisão o surgimento, ao mesmo tempo e em locais diferentes, de mais de um tronco familiar Di Tizio reside na falta de documentação histórica a respeito. No período medieval pouco ou quase nada se escrevia sobre as famílias e seus designativos ou sobrenomes. Estes aparecem, repentinamente, em documentos isolados e dispersos e passam a se repetir sempre com maior freqüência.

 

De um modo geral, nem um levantamento genealógico rigoroso dirime esta questão, porquanto os registros sucessivos e ininterruptos das famílias e de seus membros remontam a uma prescrição baixada pelo Concilio de Trento [1545-1563].

 

Antes dessa data, inexistia qualquer tipo de documento oficial, fosse referente a nascimento, a matrimonio ou a óbito. Existiam somente crônicas e atos oficiais envolvendo a Igreja, os Feudos, os Principados, os Ducados, Condados, Marquesados, Republicas.

 

Estes documentos tratavam dos principais temas medievais, como distribuição de terras a colonos, doações de bens imóveis a Igreja, testamentos de nobres, compra e venda de bens moveis e imóveis, julgamentos, absolvições e condenações e atos jurídicos de variado tipo.

 

Nestes textos comparecem os sobrenomes mencionados dos personagens centrais, das muitas testemunhas e dos componentes dos júris populares. Vez por outra, aparece alguma listagem dos habitantes de um povoado, de uma cidadela, de um castelo, de uma comunidade laica ou religiosa. Nestes documentos todos, são "pescados" os sobrenomes sob forma latina ou latinizada ou italiana arcaica.

 

Estes documentos esparsos constituem a fonte principal do estudo dos sobrenomes. Às vezes, encontra-se pai e filho citados em mesmo documento ou em documentos subseqüentes.

 

Na maioria das vezes, os sobrenomes comparecem uma só vez num século; se aparecem reiteradas vezes, é porque se trata de algum nobre, de rico mercador, de capitão de exércitos, de mecenas, de pródigo protetor dos menos afortunados ou de benfeitor de Ordens religiosas e da própria Igreja.

 

Aparecem com destaque os aventureiros, os guerreiros, os bravos e celebrados cavaleiros, os fieis escudeiros dos nobres; o povo simples e menos aquinhoado comparece em listas de paróquias, como beneficiários de lotes de terras a serem cultivados para o nobre ou rico proprietário, aparecem em litígios comunitários na exploração de terras publicas para apascentar rebanhos, para extração de lenha e madeiras dos bosques, de pedras e argila para construção em outras áreas de domínio publico, em casos de traições, de condenações, de fugas, de revoltas e outras questões que levassem a subverter a ordem publica, etc., etc.

Estas colocações servem para sublinhar a dificuldade da pesquisa de documentos precisos sobre o surgimento, a evolução e a fixação definitiva dos sobrenomes. Os próprios dados disponíveis são imprecisos, grafados de maneiras diferentes, reescritos em linguagem popular, passando depois para o latim popular com tentativas de transcrição em latim erudito, repassando pelo italiano arcaico, voltando aos dialetos populares, retornando ao latim, numa seqüência quase interminável de formas e reformas de um mesmo sobrenome, para, não poucas vezes, abandoná-lo e substituí-lo por outro, fenômeno, este ultimo, até freqüente no período medieval...

 

Retornando ao sobrenome Di Tizio, convém relembrar que sua difusão no centro da Itália indica que o patriarca ou patriarcas fundadores desses troncos familiares eram originários dessas áreas.

 

Difícil é estabelecer as localidades especificas onde surgiram esses troncos familiares. Alguns estudiosos acreditam tratar-se de um único cepo familiar e, portanto, todos os Di Tizio descenderiam de um único patriarca medieval, originário do Abruzzo, provavelmente em Chieti ou arredores, tendo-se depois difundido para toda esta Região.

 

Outros preferem defender a hipótese de dois somente, um abruzzese e outro lacial; a presença do sobrenome em outras áreas seria simples indício de fluxos migratórios de membros desses núcleos familiares que abandonaram suas terras de origem. Outros ainda preferem afirmar que são, pelo menos, três ou quatro núcleos originais.

 

A discussão seria interminável e não levaria a consenso algum por absoluta falta de documentação expressa a respeito, como foi assinalado acima. A única certeza, obtida através da analise lingüística, é que o sobrenome é tipicamente latino, mas de origem sabina e, em principio, originário dessas áreas centrais da península itálica.

 

O fato é comprovado pela expressiva incidência deste sobrenome no território da Região do Abruzzo e zonas limítrofes.

 

No que se refere à presença deste sobrenome na Província de Tèramo da Região do Abruzzo, convém salientar que o mesmo só foi levantado no município de Montorio al Vomano que se situa no sul da Província e bastante próximo a divisa das Províncias de L'Aquila e de Pescara, onde, especialmente nesta ultima, o sobrenome é muito freqüente.

 

Parece que um núcleo familiar Di Tizio se tenha deslocado, em épocas passadas, dos territórios de Pescara ou de Chieti para esta localidade.

 

Para comprovar esta afirmação, seria necessário retroceder nos séculos e verificar se houve e quando se realizou esta transferência de uma área para outra.

 

Com relação à distribuição areal ou geográfica total deste nome de família, basta conferir a lista de nomes Di Tizio e compará-la com a lista dos prefixos telefônicos italianos.

 

Os prefixos que iniciam com os dígitos 085, 0861, 0862, 0871 e 0873 se referem ao territórios da Região do Abruzzo.

 

Num primeiro relance de olhos na lista, pode-se constatar que estes prefixos predominam e alcançam aproximadamente 90% dos portadores do sobrenome, constantes nesta mesma lista.

 

Para levantar os Di Tizio de Montorio al Vomano, basta verificar o prefixo 0861 ou diretamente o nome deste municipio.

 

Com um pouco de paciência e um certo grau de persistência pode-se definir as Regiões, as Províncias e os municípios de toda a Itália em que o sobrenome ocorre, comparando as duas listas mencionadas.

 

O fato é comprovado pela expressiva incidência deste sobrenome no território da Região do Abruzzo e zonas limítrofes.

 

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Iberê Luiz Di Tizio

São Paulo, 2007