Histórico do nome de família


 

   DI TIZIO  

 

Surgimento do Sobrenome

 

Na época do Império Romano, distinguiam-se e individuavam-se as pessoas através do praenomen, nomen e cognomen.

 

O primeiro representava o nome próprio de cada individuo; o segundo repetia a designação do clã ou da gens a que pertencia este individuo; o ultimo se referia a família ou grupo familiar inserido na gens.

 

Assim, no nome completo do cidadão Marcus Tullius Cicero, o praenomen Marcus designa o orador e escritor; Tullius é o nomen derivado da gens Tullia; Cicero, o cognomen da família em âmbito menor, inserida no grande clã, na gens Tullia.

 

Com a queda do Império Romano, no ano 476 depois de Cristo, esta sistemática de individuação dos cidadãos, das famílias e dos clãs ou tribos, caiu em total desuso.

 

Na Idade Media passou, pois, a vigorar tão somente o nome de batismo para designar, distinguir e caracterizar as pessoas.

 

Torna-se fácil imaginar a confusão gerada por essa nova sistemática simplificada ao extremo.

 

Com a larga influência do cristianismo que difundia os nomes de seus santos, os antropônimos se tornaram de tal forma repetitivos que, a partir do século VIII, surgiu a primeira formula moderna para distinguir um individuo de outro, ou seja, citando o nome do pai como expresso aposto ao do filho, como se pode observar neste exemplo: Paulus filius quondam Philippi = Paulo filho do senhor Filipe. Esta fórmula deu origem a muitos sobrenomes derivados de nomes próprios, classificados, por esta razão, como antroponímicos e patronímicos.

 

A segunda formula criada nesse período acrescentava ao nome próprio da pessoa um cognome representativo da profissão, da arte e ofício, da função ou encargo, apelativo que recordava a cidade de origem ou o local de proveniência, apelativo que refletia qualificação moral, aparência física, defeito físico, apelativo que recordava ato de bravura ou de aventura perpetrado, posição ou extração social, titulo de benemerência ou nobiliárquico, apelido de cunho popular, jocoso ou não, etc.

 

A primeira formula está com toda a certeza, na base da origem, formação e fixação do nome de família Di Tizio, por se tratar de nome próprio.

 

O sobrenome surge sem o uso da expressão latina original, filius quondam, mas de sua tradução literal para o italiano medieval e arcaico, figlio de Ser Tizio, figlio de Tizio [filho do senhor Tizio].

 

Deve-se ter presente, portanto, que Di Tizio se originou do antropônimo de um patriarca medieval. Este fato reconduz a um patriarca ou paterfamilias chamado Titius, Tizio. Este patriarca tornou-se a capostipite [fundador, iniciador] de novo tronco familiar, ao repassar seu próprio nome aos filhos e demais descendentes.

 

Pelo fato do nome Tizio ser usado como distintivo dos descendentes do patriarca fundador, formou-se a Casata de Ser Tizio.

 

O termo Casata ou Casato designava, de inicio, o casarão ou casario em que habitava a geralmente numerosa descendência do capostipite ou patriarca, a cuja autoridade e tutela todos se submetiam.

 

Posteriormente, o termo passou a indicar a própria família, a estirpe, o clã, o núcleo familiar que gravitava em torno do paterfamilias Tizio.

 

A expressão Casata de Ser Tizio era dita mais usualmente Casata de Tizio, demonstrando a redução que, na fala popular e coloquial, foi substituída com a expressão famiglia de Tizio.

 

Cada um de seus membros se tornou conhecido, de modo mais simples e direto, como de Tizio.

 

A grafia se alterou, paulatinamente, para De Tizio e, finalmente, para Di Tizio, assumindo uma forma italiana mais moderna, provavelmente a partir do século XV ou XVI.

 

Esta resultante representa a forma definitiva do sobrenome que perdura até hoje e se refere a toda a posteridade do ancestral ou capostipite medieval, Titius, Tizio.

 

Resumindo, o sobrenome surgiu do nome próprio do capostipite.

 

Seus descendentes passaram a usá-lo como distintivo da Casata ou como nome de família que se perpetua até hoje.

 

Não se tem certeza da época de seu surgimento. Acredita-se que remonte aos séculos IX-XI, embora em sua forma latina Titius; na atual, deve ter-se fixado entre os séculos XI e XII, embora tenha persistido como De Tizio, alternando-se com Di Tizio, até que esta ultima prevaleceu.

 

Não se tem noticia de documentação histórica expressa que permita estabelecer uma data mais precisa a respeito de seu surgimento e fixação.

 

De qualquer modo, trata-se de um nome de família tradicional, multissecular e quase ou mais que milenar.

 

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Iberê Luiz Di Tizio

São Paulo, 2007